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Revoluções: uma política do sensível
O seminário trabalhará com a relação entre estética, política e história. Não no sentido estrito da propagação das posições de engajamento político dos artistas, mas no da produção de uma política do sensível (ou de uma “partilha do sensível”, para usarmos a expressão cunhada pelo filósofo francês Jacques Rancière).
A ideia de uma política do sensível opera como uma abertura ética, presente em uma obra de arte, que rompe com os lugares-comuns do cotidiano, esvaziado pelo espetáculo dos meios de comunicação em massa. Ao recolher criticamente a tradição revolucionária esquecida, os artistas criam as condições que permitem a produção de novos sentidos comuns, ativos e críticos. Assim, as clássicas revoluções sociais, antes vistas como questões datadas, esvaziadas de sua efetividade política, ganham força novamente.
Local: Teatro Paulo Autran - SESC-Pinheiros - Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros/SP
DATAS E PROGRAMAÇÃO
Maio 20 e 21 de 2011
Seminário: Revoluções - Uma política do sensível
20/05 (sexta-feira)
12h00 - 14h30
Cadastramento dos participantes
14h30 – 15h00
Abertura
15h00-16h15
Uma Flotilha de Filmes: o escritor, cineasta e partisan da TV Alexander Kluge
Klemens Gruber
Após meio século, em que elaborou histórias, lançou mais de duas dúzias de filmes e de livros, realizou trabalho organizacional e estratégico para o Novo Cinema Alemão, teve uma incrível atuação política na mídia e fez dois ou três trabalhos teóricos, Alexander Kluge tem operado sistematicamente, desde 1988, como inventor, partisan e empresário na televisão privada da Alemanha. Em mais de 3000 programas, ele reúne as experiências estéticas e políticas do século XX num experimento de mídia transmitido à meia-noite. Além disso, ele escreve freneticamente: dois volumes de Chronik der Gefühle (“Crônica do sentimento”) e dois volumes de Der unterschätzte Mensch (“O homem subvalorizado”), mais um livro de histórias por ano – e agora ele também publica edições em DVD de seus programas de TV e outros materiais, em enormes quantidades.
16h15-17h00
Novas Formas de Expressão Artística do Pensamento Marxista
Alexander Kluge (videoconferência) e Klemens Gruber (mediação)
17h00-18h00
A Forma da Ruptura: uma outra leitura da autonomia estética
Vladimir Safatle
A procura pela autonomia estética é o lugar onde pulsa a natureza política das obras de arte.
A procura pela autonomia estética é o lugar onde pulsa a natureza política das obras de arte.
18h00-18h30
Curta-metragem: Amor Cego - Conversa com Jean-Luc Godard (Blinde Liebe – Gespräch MIT Jena-Luc Godard, 2001, DVD, 24 minutos) de Alexander Kluge
18h30 – 19h00
Intervalo
19h00-20h00
O olhar do outro. "Politização da arte" e alteridade cultural em Sartre e Pasolini.
Eduardo Grüner
Nas duas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial e, em particular na década de 60, muitos intelectuais europeus de esquerda experimentaram um crescente fascínio pela politica, pela arte, pela literatura e, de modo geral, pela cultura do "Terceiro Mundo". Isto deveu-se, em parte, a que era - no que se denominaria a "periferia - uma época de vibrante e épica insurgência (guerra do Vietnã, revolução cubana, movimentos africanos de libertação, etc) e, em parte, a uma sensação de esgotamento da esquerda "oficial" europeia (burocratização stalinista, aburguesamento socialista, integração do proletariado clássico no "capitalismo tardio"). Sem dúvida, aquele "fascínio" do qual falávamos traduziu-se, em muitos desses intelectuais e artistas, numa atitude paternalista ou, no melhor dos casos, ingenuamente "romantizante". Mas não em todos. Aqueles que provavelmente sejam os dois mais importantes destes intelectuais - o filósofo, narrador e dramaturgo Jean Paul Sartre e o cineasta, poeta, e também narrador e dramaturgo, Pier Paolo Pasolini - desenvolveram um posicionamento mais complexo. Procuraremos mostrar que, embora estes pensadores/artistas eram muito diferentes no tocante a sua perspectiva e a sua sensibilidade estética, a partir de seus diferentes pontos de vista deram um jeito de, como costuma-se dizer, "deixar o Outro falar por si mesmo", em lugar de limitar-se a construir um imaginário etnocêntrico e "orientalista" sobre esse Outro. Cada um a seu modo, pois, anteciparam em pelo menos um par de décadas (e com maior radicalidade, acrescentemos) os debates, tão na moda hoje, da Teoria Pós-colonial ou os Estudos Subalternos. Isso não somente Em Teoria (para parafrasear o já célebre título de Aijaz Ahmad) senão na própria lógica e "gramática" de sua práxis artística, na qual a presença de um "Outro excluído" opera com precisão no que Walter Benjamin denominava uma politização da arte, ao mesmo tempo que alegoriza um conflito trágico no interior da própria Razão Ocidental, muito no espirito, por exemplo, da dialética negativa de um Adorno. Hoje em dia, no contexto do que se mostra como uma crise quase "apocalíptica" do capitalismo tardio e da chamada "Globalização", assim como no concomitante ocaso do pensamento "pós-moderno" bem como da vitalidade artística, um retorno a tais precedentes poderia ser um produtivo anacronismo, uma forma incipiente mas decidida de "recuperar uma memória tal como relampeja neste instante de perigo", segundo o famoso dictum do já citado Benjamin.
20h00-21h00
Sobre o Oriente Médio
Marilena Chaui
21/05 (sábado)
14h00 - 15h00
Por uma nova crítica da economia política
Bernard Stiegler
15h00-15h15
Apresentação da Obra de Michael Löwy
Emir Sader
15h15-16h00
Revoluções
Michael Löwy (videoconferência)
As revoluções nunca se repetem. Cada qual é uma invenção, uma criação do povo oprimido que se revolta. Por mais que se possa aprender, se inspirar com as anteriores, sempre há um processo de inovação que é imprevisível.
16h00-17h00
Uma revolução que aniquilasse nossa musica
Willy Corrêa de Oliveira17h00-18h30
Revolução: quando a situação é catastrófica, mas não é grave
Slavoj Žižek
18h30-19h00
Balanço Final do Evento
Emir Sader
19h30
Lançamento dos Livros de Slavoj Žižek
Em Defesa das Causas Perdidas
Primeiro como Tragédia, Segundo como Farsa
(Boitempo Editorial)
20h00
Abertura da Exposição Revoluções
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